Meu coração se tornou latifúndio de uma alma só.
Cruzes! Que piegas! Mas quem disse que os desejos da alma não o são?
Deixando a poesia de lado e a dor eterna que carrega a alma de POETAR; desculpe a palavra, mas aqui me valho da licença poética.
O que fazer com aquele amor que se arrastou pelos anos? Os mais céticos podem dizer que não existe o eterno, apenas o enquanto dure. Neste ponto, cabe-me discordar, por mais que se viva, se acostume as desilusões e se experimente todas as formas de amor, chega um momento em nossas vidas que nos deparamos com alguém em especial.
Neste momento, nos vêm a certeza de que aquele alguém foi feito na medida e, especialmente, para você. Comigo foi uma questão de segundos para perceber isso. Quando cruzei aquele olhar, tive a certeza de que aquela alma tinha o meu gosto e o meu jeito. Foi feita na minha forma e desejo.
Sim, foi amor desde o primeiro instante.
E neste amar certeiro, me desarmei para a vida. Na minha ânsia de viver, me entreguei por completo... O amor não seguiu em frente, foi conturbado, intenso, problemático e não teve fim. Simplesmente, parou-se no meio, algo que nem havia começado direito.
É claro, que existe muito mais a se falar mas me perderia no sentido e no propósito do título, para resumir, era amor certo em época errada.
Tenho me questionado sobre essa certeza de amor, sobre a validade de tais sentimentos e confesso, que não tenho encontrado muitas respostas. Pelo contrário, sobra sempre a certeza de vazio, da tristeza que ficou latente, braseirada pelos anos. Confesso que esta incerteza me fez perder-me pelo caminho.
A verdade é que depois que passamos por uma experiência forte, fica difícil não fazer comparações com outras histórias. A vida se tornou uma sucessão de amores expressos, rápidos e sem sentido. É claro, sem sentido para mim. O amor não tinha mais a mesma forma conhecida de antes. Me tornei, o que chamo de, indisponível para o amor.
E esta indisponibilidade se fez presente, desde o primeiro instante daquela partida. O amor se foi naquele dia e eu fiquei com meus sentimentos congelados naquela momento. Segui meu caminho sem eles, na certeza de um dia talvez voltar ali e resgatar tudo o que me achava ser de direito. Não preciso dizer que isso não aconteceu e que perdi valiosos anos de felicidade a dois.
É incrível como histórias assim tem o dom de nos marcar ou, melhor, demarcar terreno. E como nossa estupidez nos permite criar armadilhas para nos tornar indisponíveis para novas histórias que podem ter o mesmo fim. Podem, mas nem sempre tem.
Muita gente não se arrisca de novo com medo de ser feliz. Fica com seu momento congelado no passado, acreditando que não é possível amar de novo.
Eu posso dizer que fui um desses. Acreditei ser indisponível para o amor. Hoje não tenho tanta certeza. Me vejo mais leve, com o coração menos pesado e disposto a encontrar mais um grande amor na minha vida.
Sim, existem muitos amores por aí. Pessoas especiais, dotadas de muito caráter, com qualidades e defeitos feitos sobre medida para cada um. E não importa a nacionalidade, a idade, o jeito deste amor ou se ele está do outro lado do Atlântico. O jeito é sempre o certo, desejado e medido pelas nossas aspirações.
Quando olho para as histórias anteriores, percebo que amava minha vontade de amar e, principalmente, de ser amado.
Vamos deixar nossas indisponibilidades de lado. O negócio é deixar a vida acontecer. E que ela aconteça agora.