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As Chances que a Vida nos dá

  • Texto - Alexandre Pontara
  • 18 de mar. de 2015
  • 2 min de leitura

A sensação de impotência que permeia a confusão de palavras que nos são ditas num momento em que tudo parece caminhar muito bem costuma me deixar perplexo. Mesmo acostumado as peças que a vida costuma me pregar, ainda me surpreendo com os rumos de algumas situações. Me confesso inexperiente nesta inconstância do amor. O ir e vir constante de pessoas que conhecemos, de palavras e carinhos que trocamos com ilustres desconhecidos que atraem nosso interesse. Ilustres que chegam e partem antes que a lua some quatro ciclos.

Acho que ando mal-acostumado com essa falta de amor. O amor tem o hábito de chegar quando a gente menos espera ou, melhor, quando a gente não espera nada. E mesmo acostumados ao efêmero, a fragilidade da duração e o tempo que parece nunca ser o certo, a gente se entrega, na intenção de descobrir algo maior que exista ali. Pelo menos para mim, as coisas funcionam assim.

Ando de coração bem aberto, querendo que as possibilidades de uma relação a dois aconteça. Aquela vontade danada de estar apaixonado em intensidade estratosférica.

Vislumbrei essa possibilidade, num momento em que não estava esperando nada além de ficadas e curtição. Lógico que o romance não durou. E por incrível que pareça, não foi por falta de vontade, por diferenças de comportamento ou antagonismo dos gênios. Nos dávamos muito bem em todos os sentidos. Havia uma certeza de que se o romance caminhasse, a possibilidade de uma paixão aconteceria. O leitor deve estar se perguntando o que foi que deu errado então. Não houve nada de errado, mas estávamos longe do acerto, porque não havia disposição para o amor acontecer naquele momento.

A vida é feita de fases. Fases em que pensamos, exclusivamente, em trabalho, em projetos e objetivos a serem alcançados e, nos sobra, pouco tempo, para pensar em amor Pouco tempo para dividir os espaços com quem se gosta. Uma relação não é pouca coisa na vida de uma pessoa. Ela demanda tempo do nosso dia, exige presença, afeto, milhares de pensamentos e, em determinados momentos da nossa vida, parece impossível coordenar isto com todo o resto. Isto causa uma grande confusão na cabeça. A gente quer, mas não quer agora. A gente gosta, mas não sabe se vai se apaixonar. E, principalmente, a gente tem medo. Medo da proporção que isto vá tomar na nossa vida, num momento, em que não esperamos nada além de botar a casa em ordem e se divertir muito.

A vida nos dá a chance destas escolhas. E, em determinados momentos, não queremos escolher nada. Queremos deixar o barco correr e tratar de assuntos mais objetivos. Não acredito que exista tempo errado do amor acontecer na nossa vida. Ele acontece sempre na hora certa. Como diz um poema de Pablo Neruda: “ e aquele dia foi como nunca e sempre. Vamos ali onde não se espera nada, e encontramos tudo que estava esperando.”

São as chances que a vida nos dá. Se vamos aproveitar, aí é uma outra estória e uma outra coluna.

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Bio

Alexandre Pontara, ou apenasumalexandre como ele costuma assinar, é artista visual, escritor multiplataforma, poeta, ator, diretor teatral e mais um bocado de outras coisas.

Em 2020, em meio a pandemia do coronavírus, assina o roteiro do espetáculo online "Desafio Hitchcock", um formato inovador em linguagem, único no mundo, idealizado pelo diretor André Warwar. Nesse espetáculo, com cortes ao vivo e linguagem que transita pelo teatro, cinema, tv e reality, 7 atores em cena, cada um em sua casa, atuam e transmitem, em tempo real, suas imagens para o diretor, que corta e monta ao vivo. O público tem a ilusão e certeza de que estão todos num mesmo ambiente. Uma experiência imersiva, ao vivo, em tempo real.

Também, em 2020, assina o projeto visual "Entre 4 Paredes", onde através de estímulos fotográficos de artistas e amigos em seu isolamento social, cria releituras em arte visual, com uma potência artística e linkada aos temas contemporâneos. O projeto se transformou em uma exposição na Linha de Cultura do Metrô SP em 2021.

Entre 2018 e 2020, lançou o manifesto transmídia Poética em Transe, em que artistas das mais variadas vertentes dão voz a contemporaneidade da sua poesia e dialogam com os incômodos de uma sociedade midiática. Foi um dos produtores da 1ª edição do Festival Audiovisual FICA.VC, em 2017 no Rio de Janeiro. Entre 2008 e 2011, foi crítico teatral do Guia da Semana.

Como diretor teatral, o foco de sua pesquisa está no trabalho investigativo sobre a interferência da linguagem audiovisual no espaço cênico.

A Cidade das Mariposas, encenada em 2011, marca sua estreia como dramaturgo e diretor teatral. Em 2013, adaptou e dirigiu Fausto Zero de Goethe e assinou a Direção Artística da Ocupação Primus Arte Movimento do Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro.

Além de Cidade das Mariposas, é autor dos textos teatrais O Mastim, Doze Horas para o Fim do Mundo, O Processo Blake, Entre Irmãos, As Últimas Horas e Man Machine 2.0, das antologias poéticas “Poemas Mundanos”, “Poesia Urbana” e “Sombras” e do roteiro de cinema “Doze horas para o Fim do Mundo”.

Alexandre Pontara

Artista visual, ator, diretor, poeta de mídias interativas, escritor multiplataforma e uma mente digital.

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