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Vida de Ator

  • Colunas - Fundo do Baú - Alexandre Pontara
  • 30 de abr. de 2010
  • 3 min de leitura

Ter apenas um rosto bonito não faz de um ator um sucesso na televisão, teatro ou cinema

Quando assistimos a uma novela, série, filme ou peça de teatro, sempre tentamos imaginar como deve ser a vida de quem transformou a arte em seu ganha-pão, profissão e estilo de vida. Imaginamos o quanto a vida dessas pessoas deve ser interessante, badalada, cheia de viagens, festas, a atenção da mídia, trabalhos interessantes e tantos outros benefícios que tornam a carreira atrativa para milhares de pessoas. Grande parte desse fascínio advém da necessidade de ídolos, de modelos em que a sociedade possa se espelhar, sonhar, aspirar, querer para si um estilo de vida diferente do seu cotidiano. A arte tem esse poder; de fazer com que através dessa magia o espectador passe a sonhar. Mas essa história de glamour, de fama, de ser conhecido, em tempos em que o ator passou a ser um símbolo a ser celebrizado é a história de uma minoria. A profissão de ator ao passo que é uma das mais excitantes também é recheada de dificuldades e muitas incertezas. Não basta apenas ter boa formação, talento, mas um histórico recheado de boas histórias e muita bagagem para poder criar, viver um personagem. É tarefa árdua e que exige constante aprendizado, reinvenção de si mesmo e dos próprios conceitos para que o processo de criação não fique estagnado. O que vemos hoje é uma horda cada vez maior de jovens se atirando na profissão sem preparo nenhum, achando apenas que o fato de ter um rosto bonito será a chave do seu sucesso. As escolas de teatro recebem todos os anos, uma quantidade cada vez maior de aspirantes a atores cujo único objetivo é tentar um papel na TV e se tornar famoso. O que grande parte desses aspirantes não imaginam é que se para aqueles que tem preparo a carreira é difícil, o que dirá para aqueles que não tem preparo nenhum. A oferta de mão de obra é muito grande, tem muita gente boa lutando por seu espaço, por seu lugar ao sol e isso diminui bastante as chances de sucesso. A profissão exige bons conhecimentos e contatos e uma certa respeitabilidade no trabalho já feito para que as coisas aconteçam. A rotina de um ator é repleta de tentativas até que se consiga um acerto, um trabalho, etc. E exige um cuidado com a imagem que projeta, a maneira de se portar, se vestir, a forma como se relaciona com outros profissionais e, principalmente, se fazer lembrar sempre. Os bons profissionais costumam refazer seu material há cada seis meses e reenviar para diretores, produtores de elenco, autores com o intuito de mostrar seu progresso, novos trabalhos que fez no período, etc. São inúmeros testes e audições a que se submete na tentativa de emplacar um trabalho. Até que a tão sonhada oportunidade na TV aconteça e ele se projete para o grande público, o ator já fez inúmeros testes para publicidade, alguns pegou, outros não, já fez muito teatro e também já fez alguns testes para pequenos papéis em produções para TV e cinema. E lógico que existem aqueles que não fazem parte desta grande maioria de que falo e que tem uma estrela iluminada e muita sorte que pode garantir com que ele não viva esta batalha diária que é a profissão. Mas apesar de tudo isso, a carreira de ator é uma das mais fascinantes e prazerosas que já exerci. Tenho orgulho de dizer em qualquer cadastro que preencho que a minha profissão é ator, apesar da minha mãe achar que isso é apenas uma fase e que uma hora eu vou recobrar a razão e arrumar um emprego de verdade. Portanto, para aqueles que desejam assim mesmo, apesar de todas as dificuldades, se tornar ator, saibam que é uma escolha que se toma com o coração e que você pode ser muito feliz num dos caminhos mais nobres de vida que é essa arte.

Coluna publicada em 05/2010 - Guia da Semana - Artes e Teatro

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Bio

Alexandre Pontara, ou apenasumalexandre como ele costuma assinar, é artista visual, escritor multiplataforma, poeta, ator, diretor teatral e mais um bocado de outras coisas.

Em 2020, em meio a pandemia do coronavírus, assina o roteiro do espetáculo online "Desafio Hitchcock", um formato inovador em linguagem, único no mundo, idealizado pelo diretor André Warwar. Nesse espetáculo, com cortes ao vivo e linguagem que transita pelo teatro, cinema, tv e reality, 7 atores em cena, cada um em sua casa, atuam e transmitem, em tempo real, suas imagens para o diretor, que corta e monta ao vivo. O público tem a ilusão e certeza de que estão todos num mesmo ambiente. Uma experiência imersiva, ao vivo, em tempo real.

Também, em 2020, assina o projeto visual "Entre 4 Paredes", onde através de estímulos fotográficos de artistas e amigos em seu isolamento social, cria releituras em arte visual, com uma potência artística e linkada aos temas contemporâneos. O projeto se transformou em uma exposição na Linha de Cultura do Metrô SP em 2021.

Entre 2018 e 2020, lançou o manifesto transmídia Poética em Transe, em que artistas das mais variadas vertentes dão voz a contemporaneidade da sua poesia e dialogam com os incômodos de uma sociedade midiática. Foi um dos produtores da 1ª edição do Festival Audiovisual FICA.VC, em 2017 no Rio de Janeiro. Entre 2008 e 2011, foi crítico teatral do Guia da Semana.

Como diretor teatral, o foco de sua pesquisa está no trabalho investigativo sobre a interferência da linguagem audiovisual no espaço cênico.

A Cidade das Mariposas, encenada em 2011, marca sua estreia como dramaturgo e diretor teatral. Em 2013, adaptou e dirigiu Fausto Zero de Goethe e assinou a Direção Artística da Ocupação Primus Arte Movimento do Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro.

Além de Cidade das Mariposas, é autor dos textos teatrais O Mastim, Doze Horas para o Fim do Mundo, O Processo Blake, Entre Irmãos, As Últimas Horas e Man Machine 2.0, das antologias poéticas “Poemas Mundanos”, “Poesia Urbana” e “Sombras” e do roteiro de cinema “Doze horas para o Fim do Mundo”.

Alexandre Pontara

Artista visual, ator, diretor, poeta de mídias interativas, escritor multiplataforma e uma mente digital.

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