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Trapalhadas em Zenas

  • Crítica - Fundo do Baú - Alexandre Pontara
  • 26 de set. de 2008
  • 2 min de leitura

Como afirmado por Groucho Marx em uma de suas célebres frases, humor é a razão enlouquecendo. E para todo comediante, a loucura é um dos caminhos utilizados para extrair o tempo certo da piada, afinal como Groucho também afirmava, se a piada for tardia melhor que não aconteça.

´Advocacia segundo os irmãos Marx´, em cartaz terças e quartas no Teatro das Artes, dirigida por Bernardo Jablonski e Fabiana Valor é um convite ao riso fácil. A peça baseada em textos extraídos de programas de rádios levados ao ar nos anos 1932 e 1933 pelos irmãos Marx e estrelado por Heloísa Perissé faz uma crítica a hipocrisia social e a corrupção que assola nosso país.

O texto foi montado experimentalmente no Tablado no início dos anos 90 por Heloisa e Jablonski. O elenco original contava com Lucio Mauro Filho, Luiz Carlos Tourinho e Maria Clara Gueiros.

Dividida em 06 peças curtas, a trama é centrada na personagem Yasmin Robalo, advogada corrupta que faz de tudo para se dar bem e sair do buraco financeiro em que se encontra. Rodeada por assistentes preguiçosos, golpistas e muito simpáticos, Yasmin se mete nas maiores confusões, sempre ao melhor estilo dos Irmãos Marx.

Nesta remontagem, Heloísa divide o palco com os comediantes da nova geração do stand-up carioca Marcelo Adnet, Gregório Duvivier, Rafael Queiroga e Fernando Caruso que bem nos poderiam levar a crer se tratarem de Harpo, Groucho, Gummo e Zeppo, os Irmãos Marx.

O texto de Jablonski é rápido com piadas certeiras em cada fala. Heloísa está ótima em cena e incorpora ao personagem uma agressividade simpática e um cinismo característicos dos melhores personagens de Groucho. Mas o grande sucesso desta remontagem está no improviso dos comediantes do Zenas Emprovisadas.

A trupe do Z.É, como são conhecidos, são responsáveis pelos melhores momentos da peça. Marcelo Adnet - o maior fenômeno da MTV de 2008 - está impagável em cena, com seu humor peculiar e característico escracho. Fernando Caruso, Rafael Quieroga e Gregório Duvivier dão sabor de renovação a trama. Entre as transições de cena, os comediantes se dividem em pequenas improvisações que tem como tema o Código Penal e Civil.

E como todo bom vaudeville, a rapidez não está apenas na piada, mas nas transições de cena, na troca de figurino e na concepção do cenário que nos remete ao teatro mambembe, itinerante. O figurino assinado por Nello Marrese, com acerto, tem gosto duvidoso e apelo popular, característico dos personagens da trama.

A luz não tem papel fundamental na construção deste espetáculo. São utilizados planos abertos e muita luz branca com a intenção de mostrar os personagens, afinal, as grandes estrelas são os atores.

A direção de Bernardo Jablonski e Fabiana Valor cria um vaudeville com referências clássicas ao estilo de grandes comediantes como os 3 patetas, Jerry Lewis e os próprios Irmãos Marx, valorizando o poder da improvisação e o trabalho de criação dos atores.

Um bom espetáculo criado sobre o impacto do improviso com o intuito de divertir e fazer rir.

Coluna publicada em 09/2008 - Guia da Semana - Artes e Teatro

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Bio

Alexandre Pontara, ou apenasumalexandre como ele costuma assinar, é artista visual, escritor multiplataforma, poeta, ator, diretor teatral e mais um bocado de outras coisas.

Em 2020, em meio a pandemia do coronavírus, assina o roteiro do espetáculo online "Desafio Hitchcock", um formato inovador em linguagem, único no mundo, idealizado pelo diretor André Warwar. Nesse espetáculo, com cortes ao vivo e linguagem que transita pelo teatro, cinema, tv e reality, 7 atores em cena, cada um em sua casa, atuam e transmitem, em tempo real, suas imagens para o diretor, que corta e monta ao vivo. O público tem a ilusão e certeza de que estão todos num mesmo ambiente. Uma experiência imersiva, ao vivo, em tempo real.

Também, em 2020, assina o projeto visual "Entre 4 Paredes", onde através de estímulos fotográficos de artistas e amigos em seu isolamento social, cria releituras em arte visual, com uma potência artística e linkada aos temas contemporâneos. O projeto se transformou em uma exposição na Linha de Cultura do Metrô SP em 2021.

Entre 2018 e 2020, lançou o manifesto transmídia Poética em Transe, em que artistas das mais variadas vertentes dão voz a contemporaneidade da sua poesia e dialogam com os incômodos de uma sociedade midiática. Foi um dos produtores da 1ª edição do Festival Audiovisual FICA.VC, em 2017 no Rio de Janeiro. Entre 2008 e 2011, foi crítico teatral do Guia da Semana.

Como diretor teatral, o foco de sua pesquisa está no trabalho investigativo sobre a interferência da linguagem audiovisual no espaço cênico.

A Cidade das Mariposas, encenada em 2011, marca sua estreia como dramaturgo e diretor teatral. Em 2013, adaptou e dirigiu Fausto Zero de Goethe e assinou a Direção Artística da Ocupação Primus Arte Movimento do Teatro Glauce Rocha no Rio de Janeiro.

Além de Cidade das Mariposas, é autor dos textos teatrais O Mastim, Doze Horas para o Fim do Mundo, O Processo Blake, Entre Irmãos, As Últimas Horas e Man Machine 2.0, das antologias poéticas “Poemas Mundanos”, “Poesia Urbana” e “Sombras” e do roteiro de cinema “Doze horas para o Fim do Mundo”.

Alexandre Pontara

Artista visual, ator, diretor, poeta de mídias interativas, escritor multiplataforma e uma mente digital.

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